As fortes acelerações sentidas numa montanha russa não são devidas apenas aos aumentos e diminuições de velocidade, mas são causadas também pelo movimento curvilíneo. A taxa de aumento da velocidade é apenas uma das componentes da aceleração, a aceleração tangencial. A outra componente da aceleração depende da velocidade e do raio de curvatura da trajetória como se demonstra neste capítulo.
Em cada ponto de uma trajetória pode definir-se um versor tangencial , na direção tangente à trajetória e no sentido em que a posição aumenta. A figura 3.1 mostra o versor tangencial em três pontos A, B e P de uma trajetória.
Observe-se que no ponto P existem dois versores tangenciais. Um deles é tangente à curva entre B e P e o outro é tangente à curva entre P e Q. O vetor velocidade de um corpo que segue essa trajetória será sempre na mesma direção do versor tangencial (o sentido pode ser o mesmo ou oposto). Nos pontos como P, onde existem dois vetores tangenciais, a velocidade é necessariamente nula; o corpo fica momentaneamente em repouso nesse ponto, começando logo a deslocar-se em outra direção diferente à que seguia antes de parar.
Nos pontos onde a velocidade não é nula, existe sempre um único versor tangencial , que define a direção do vetor velocidade. Ou seja, a velocidade vetorial pode ser escrita,
Conforme referido no capítulo 2, a velocidade vetorial é igual à derivada do vetor posição
O vetor posição não tem de ter nenhuma relação com o versor tangencial, já que depende do ponto que esteja a ser usado como origem do referencial (ver figura 3.2). No entanto, o vetor deslocamento sim é independente da escolha da origem e, assim sendo, a equação 3.2 garante que o vetor velocidade é independente da escolha da origem do referencial.
Se for o vetor deslocamento durante um intervalo de tempo (figura 3.2), a distância percorrida durante esse intervalo, , é sempre maior ou igual que o módulo de . A distância percorrida é medida sobre a trajetória, enquanto que o módulo do deslocamento é medido no segmento de reta entre os pontos inicial e final.
O módulo de só é igual a quando a trajetória é reta, com versor tangencial constante. No limite quando for muito pequeno, os dois pontos estarão muito próximos na trajetória e, assim sendo, a direção de será aproximadamente a mesma direção do versor tangencial e o módulo de será aproximadamente igual a ; isto é, o vetor deslocamento é aproximadamente igual a . A derivada do vetor posição é então,
E, substituindo na equação 3.2, obtém-se,
O valor da velocidade, em qualquer movimento, é sempre igual à derivada da posição na trajetória, , em ordem ao tempo. Este resultado explica porquê no capítulo 1 denominou-se "velocidade" à derivada , já que não é apenas uma componente da velocidade mas sim o valor da velocidade.
A aceleração vetorial é igual à derivada da velocidade em ordem ao tempo e, como tal, derivando o lado direito da equação 3.4 obtém-se a expressão da aceleração em relação ao versor tangencial:
Observe-se que a derivada do vetor tangencial não é nula, porque esse vetor não é necessariamente igual em diferentes instantes. A figura 3.3 mostra como calcular a derivada de . Deslocando os dois versores tangenciais dos pontos A e B da figura 3.1 para um ponto comum, o aumento de no intervalo desde A até B é o vetor que une os dois vetores.
Sendo o módulo de igual a 1, os dois versores na figura 3.3 descrevem um arco de círculo com raio 1 e ângulo . Se o ângulo for medido em radianos, o comprimento desse arco será igual a . Se o intervalo de tempo for aproximadamente zero, os dois pontos considerados, A e B, estarão muito próximos na trajetória, o vetor será perpendicular à trajetória e o seu módulo será aproximadamente igual ao arco de círculo ; conclui-se que a derivada de é,
em que é o versor normal, perpendicular à trajetória, e é a velocidade angular. Substituindo essa derivada na equação 3.5, obtém-se a expressão para a aceleração:
Concluindo, a aceleração é um vetor com componentes tangente e normal (perpendicular) à trajetória. A componente na direção tangente, , é a aceleração tangencial já introduzida no capítulo 1. A componente normal da aceleração é igual ao produto do valor da velocidade pelo valor da velocidade angular ,
Tendo em conta que os versores e são perpendiculares em todos os pontos da trajetória, a equação 3.7 implica que o módulo da aceleração, , é o comprimento da hipotenusa de um triângulo retângulo em que os catetos são as componentes tangencial e normal da aceleração; o teorema de Pitágoras para esse triângulo é então,
O ângulo de rotação do versor tangencial, , é também igual ao ângulo de rotação do versor normal . A figura 3.4 mostra os versores normais nos mesmos pontos da trajetória mostrados na figura 3.1. Observe-se que no ponto A existem dois versores normais, com a mesma direção mas sentidos opostos, porque a trajetória curva-se para cima antes do ponto A, mas a partir do ponto A começa a curvar-se para baixo. Esse tipo de ponto, onde o sentido da curvatura muda, chama-se ponto de inflexão.
No ponto P da figura 3.4 existem duas direções normais, porque, como foi discutido na secção anterior, existem dois versores tangenciais. Em qualquer ponto o versor normal aponta no sentido em que a trajetória se curva, excepto no caso de uma trajetória retilínea, em que existem infinitos versores perpendiculares ao versor tangencial .
A figura 3.5 mostra o versor normal no ponto inicial A (no instante ) e o ponto final B (no instante ) durante um intervalo de tempo . Se é muito pequeno, as direções dos dois versores cruzam-se num ponto comum C. As distâncias desde C até os pontos A e B são diferentes ( e ), mas serão iguais no limite , em que o ponto C aproxima-se do centro de curvatura da curva. A distância desde o centro de curvatura num instante e o ponto da trajetória, nesse mesmo instante, é o raio de curvatura, , da trajetória.
Em cada ponto da trajetória existem um centro e um raio de curvatura. Cada percurso infinitesimal de comprimento pode ser aproximado por um arco de circunferência de raio e ângulo ; a distância percorrida é o comprimento desse arco, . Assim sendo, conclui-se que o valor da velocidade angular é,
Ou seja, em cada ponto da trajetória o valor da velocidade angular é igual ao valor da velocidade, , dividida pelo raio de curvatura nesse ponto. Usando este resultado, a componente normal da aceleração, , pode ser escrita do modo seguinte
O versor normal e a componente normal da aceleração, apontam sempre no sentido do centro de curvatura. Como tal, a componente normal da aceleração, , também costuma chamar-se aceleração centrípeta.
Observe-se que a aceleração tangencial, , pode ser positiva ou negativa, mas a aceleração normal, ou centrípeta, é sempre positiva, porque o produto é sempre positivo ( e ambos aumentam, se o movimento é no sentido do versor tangencial, ou ambos diminuem se o movimento é no sentido oposto).
A posição de uma partícula, em função do tempo , é dada pela expressão (SI):
Determine a expressão para o raio de curvatura da trajetória em função do tempo e calcule o raio de curvatura em e .
Resolução: Para determinar a expressão do raio de curvatura é necessário saber as expressões do valor da velocidade e da componente normal da aceleração, em função do tempo. Essas expressões podem ser obtidas a partir da velocidade e da aceleração. Usando o Maxima calculam-se esses vetores do modo seguinte
Designando por v e a, os módulos desses vetores, iguais à raiz quadrada do produto escalar de cada vetor com si próprio (o produto escalar no Maxima obtém-se colocando um ponto entre os vetores) obtém-se:
Observe-se que o valor da aceleração é constante, o que implica uma trajetória parabólica ou linear. Para calcular a componente normal da aceleração, calcula-se primeiro a componente tangencial da aceleração, ,
e, usando a equação 3.9, obtém-se a componente normal da aceleração:
As componentes tangencial e normal da aceleração dependem do tempo, embora o valor da aceleração seja constante; isso já aponta para o facto de que a curvatura da trajetória não será constante e, como tal, a trajetória será parabólica. Usando a equação 3.11 determina-se a expressão do raio de curvatura:
Nos instantes e os raios de curvatura são,
No caso em que o raio de curvatura é constante e o centro de curvatura permanece fixo, a trajetória é uma circunferência e o movimento é circular, como no caso ilustrado na figura 3.6. Para determinar a posição em cada instante, basta um único grau de liberdade, que pode ser a posição na circunferência, , ou o ângulo .
A relação entre o ângulo e a posição na trajetória, se a origem usada para medir as duas e o sentido positivo são os mesmos (ver figura 3.6), é
Sendo constante, derivando os dois lados da equação anterior obtém-se,
em que é a velocidade angular. A equação 3.13 é a mesma equação 3.10, que aqui foi obtida no caso particular do movimento circular, em que é constante, mas trata-se de uma equação geral, válida em qualquer movimento. Derivando os dois lados da equação 3.13 em ordem ao tempo obtém-se,
onde é a aceleração angular. A aceleração centrípeta é dada pela equação 3.11, que pode ser escrita também em função do valor da velocidade angular,
No caso particular em que a velocidade angular é constante, a velocidade linear também será constante, as acelerações angular e tangencial serão nulas e o movimento chama-se movimento circular uniforme. Nesse caso, como a velocidade angular é constante, a derivada pode calcular-se dividindo o ângulo num intervalo de tempo qualquer, pelo valor desse intervalo de tempo:
Num intervalo de tempo igual ao período, , do movimento circular uniforme, o ângulo corresponde a uma volta completa, , e a equação anterior conduz a uma expressão para o período,
A frequência de rotação, , igual ao inverso do período, é o número do voltas que o ponto dá por unidade de tempo.
A relação entre o ângulo de rotação e os valores da velocidade angular e da aceleração angular , é análoga à relação entre a posição na trajetória, , o valor da velocidade, , e a aceleração tangencial, ,
Estas são as equações cinemáticas para o movimento de rotação, que podem ser resolvidas usando os mesmos métodos usados no capítulo 1. As equações 3.12, 3.13 e 3.14 mostram que as variáveis cinemáticas de translação ( , , ) são todas iguais ao produto da respetiva variável cinemática de rotação, ( , , ), pelo raio de curvatura .
O corpo rígido na figura 3.7 está em movimento. Dois pontos a e b, nas posições e , têm velocidades e no mesmo instante . Se o movimento do corpo fosse de translação sem rotação, as velocidades de todos os pontos deviam ser todas iguais, a cada instante, e, como tal, as trajetórias de todos os pontos no corpo seria a mesma curva. Como vimos no capítulo 1, nesse caso bastava estudar o movimento de um ponto qualquer no corpo.
Como as velocidades dos pontos a e b na figura 3.7, são diferentes, conclui-se que o movimento não é de translação. A posição do ponto b relativa ao ponto a, é , que não permanece constante, já que os pontos a e b estão a deslocar-se em diferentes direções e com rapidez diferente. No entanto, o módulo dessa posição relativa,
deverá permanecer constante, porque o corpo é rígido. Como tal, a sua derivada em ordem ao tempo deverá ser nula:
onde, é a velocidade do ponto b, relativa ao ponto a, igual à derivada de em ordem ao tempo. A equação anterior implica:
Esse resultado é geral para quaisquer dois pontos a e b no corpo rígido, permitindo concluir que:
A velocidade relativa entre dois pontos num corpo rígido é sempre perpendicular à posição relativa entre eles.
Visto desde um ponto a, o ponto b permanecerá sempre à mesma distância, , deslocando-se na superfície da esfera de raio , com centro em a (figura 3.8). Todos os outros pontos no corpo rígido deslocam-se em esferas com centro em a, e com diferentes raios.
A cada instante , a velocidade de b relativa ao ponto a é tangente a uma circunferência na superfície da esfera de raio ; essa circunferência poderá ter raio igual a ou menor (figura 3.9). Outro ponto c, que esteja à mesma distância de a, , deverá ter velocidade tangente a outra circunferência paralela à circunferência de b. Se assim não fosse, a distância entre b e c estaria a variar, que não é possível porque o corpo é rígido. E o sentido do movimento dos dois pontos b e c, nessas circunferências, deverá ser o mesmo (sentido de rotação indicado na figura 3.9).
Como os planos em que se deslocam os pontos b e c, em relação ao ponto a, são paralelos, as duas circunferências na esfera podem ser projetadas num mesmo plano, chamado plano de rotação, com centro no ponto a, como mostra a figura 3.10. Todos os outros pontos à mesma distância terão velocidades tangentes a circunferências com centro em a e raio menor ou igual que o raio da esfera, . Em particular, existirão dois pontos e , na interseção da esfera com a reta perpendicular ao plano de rotação passando pelo centro a, que estão em repouso em relação ao ponto a ( ). Como tal, a velocidade dos pontos no eixo de rotação é a mesma:
A reta que passa por a e z é o eixo de rotação do corpo rígido. Qualquer outro ponto no corpo rígido, que não esteja no eixo de rotação, terá velocidade relativa tangente a alguma circunferência com centro em a, no plano de rotação. O ângulo , que se deslocam todos esses pontos, durante um intervalo , deverá ser exatamente o mesmo, para garantir que a distância entre todos eles permanece constante. A velocidade angular do corpo rígido é:
Como tal, o valor da velocidade relativa de b, ou de qualquer outro ponto, é igual à sua distância até o eixo de rotação, vezes a velocidade angular do corpo:
onde é a distância desde o ponto b até o eixo de rotação que passa pelo ponto a.
O movimento do corpo rígido é então a sobreposição do movimento dum ponto qualquer nele (no nosso caso a), mais rotação em torno de um eixo que passa por esse ponto. Se em vez do ponto a fosse escolhido outro ponto d, o eixo de rotação teria exatamente a mesma direção, mas passaria por d. A velocidade angular seria exatamente a mesma do que em relação ao ponto a, e o movimento do corpo seria a sobreposição do movimento do ponto d, mais rotação em torno do eixo de rotação que passa por d. Em diferentes instantes a direção do eixo de rotação, e a velocidade angular, podem ser diferentes, mas a cada instante o eixo e a velocidade angular são os mesmos, independentemente do ponto usado como referência. Resumindo,
A cada instante existe uma direção no espaço (eixo de rotação) tal que se a posição relativa entre dois pontos num corpo rígido for paralela a essa direção, as suas velocidades serão iguais. A velocidade relativa entre dois pontos num corpo rígido, dividida pela distância entre um deles e o eixo de rotação que passa pelo outro, é igual à velocidade angular do corpo nesse instante.
A figura mostra um mecanismo biela-manivela, usado para transformar movimento circular em movimento retilíneo ou vice-versa. A manivela é a barra OQ, que roda à volta de um eixo fixo no ponto O, e a biela é a barra PQ, que liga a manivela a um pistão que só pode deslocar-se na horizontal. No instante em que a manivela faz um ângulo de 40° com a horizontal, na posição que mostra a figura, a velocidade do ponto P é 60 cm/s, para a esquerda. Determine as velocidades angulares da biela e da manivela, nesse instante, sabendo que é igual a 7.5 cm e é igual a 20 cm.
Resolução. Como o ponto O está fixo, a velocidade do ponto Q é a mesma velocidade de Q relativa a O, que deve ser perpendicular à barra OQ, porque os dois pontos fazem parte da manivela, que é um corpo rígido. Como tal, a velocidade do ponto Q faz um ângulo de 40° com a vertical, como mostra a figura seguinte:
Como o ponto Q também faz parte da biela PQ, a velocidade , do ponto Q, relativa ao ponto P, deverá ser perpendicular ao segmento . O ângulo que faz com a vertical é o mesmo ângulo que o segmento faz com a horizontal. Esse ângulo pode ser determinado usando a lei dos senos no triângulo OPQ:
Como tal, . Os valores das velocidades do ponto Q, relativas aos pontos O e Q, serão iguais às velocidades angulares das barras, vezes os seus comprimentos (usaremos distâncias em cm e velocidades em cm/s):
onde é a velocidade angular da manivela e é a velocidade angular da biela. Observe-se que na figura acima, estamos a admitir que é no sentido oposto aos ponteiros do relógio e é no sentido dos ponteiros do relógio.
Em coordenadas cartesianas, com eixo dos horizontal, de esquerda para direita, e eixo dos vertical, de baixo para cima, as componentes da velocidade do ponto Q são:
Mas a velocidade do ponto Q pode também ser calculada somando a velocidade do ponto P, , mais a velocidade de Q relativa a P:
Igualando as componentes das duas expressões 3.24 e 3.25, encontram-se as velocidades angulares:
Observe-se que as duas velocidades angulares obtidas resolvendo as equações têm sinais positivos, o que indica que os sentidos que admitimos na figura estão corretos. Podiamos ter admitido sentidos opostos, mudando na figura o sentido das velocidades de Q relativas a O e P, e o resultado teria dado valores negativos para as velocidades angulares, indicando que os sentidos não eram os corretos.
É conveniente definir a velocidade angular como um vetor , na direção do eixo de rotação, tal como se mostra na figura 3.11. O vetor tem módulo igual ao valor absoluto da velocidade angular, , direção paralela ao eixo de rotação e sentido segundo a regra da mão direita para a rotação, ou seja, imaginando um sistema de eixos cartesianos em que o eixo dos aponta na direção e sentido de , o corpo rígido roda de forma a que o eixo dos se aproxime do eixo dos . Também pode fechar-se o punho direito e estender o dedo polegar apontando no sentido de e o sentido de rotação é o sentido em que se curvam os outros 4 dedos.
A vantagem de usar um vetor é que contem a informação da velocidade angular , direção do eixo de rotação e sentido da rotação. A equação 3.23 pode ser escrita de forma vetorial. Se for a posição relativa de um ponto qualquer no corpo, em relação ao ponto de referência, a distância desde o ponto até o eixo de rotação que passa pelo ponto de referência, é igual a , onde é o ângulo entre os vetores e tal como mostra a figura 3.11. O módulo da velocidade relativa do ponto é então:
O vetor velocidade relativa, , do ponto na posição relativa é perpendicular aos dois vetores e e o seu módulo é igual ao produto dos módulos desses dois vetores, vezes o seno do ângulo entre eles. Essa é precisamente a definição do produto vetorial entre os vetores e , que vamos denotar com o operador . A velocidade é então o produto da vetorial da velocidade angular vezes o vetor posição:
Observe-se que, por definição, o produto na equação 3.27 é um vetor no sentido da regra da mão direita, desde o primeiro vector, , até o segundo, .
O movimento circular dum ponto, em relação ao ponto de referência, com raio e velocidade angular , implica aceleração tangencial e aceleração centrípeta . Mas a o vetor aceleração relativa pode também ser obtido derivando o vetor velocidade relativa (equação 3.27):
A derivada do vetor velocidade angular é outro vetor , chamado aceleração angular, e a derivada do vetor posição relativa é o vetor velocidade relativa, dado pela equação 3.27. A expressão vetorial da aceleração relativa é:
O primeiro termo é a aceleração tangencial e o segundo termo a aceleração normal ou centrípeta.
O produto vetorial entre quaisquer dois vetores e é outro vetor , com módulo igual ao produto dos módulos de e e o seno do ângulo entre eles. Em particular, o módulo do produto vetorial é . A figura 3.11 mostra o ângulo entre os vetores; note-se que é sempre positivo, porque está entre 0 e . O produto é igual a , já que essa distância é medida no plano de rotação, que é perpendicular ao vetor . Assim sendo, o módulo de é igual a , que é igual ao módulo de .
A direção de é perpendicular ao plano formado por e , seguindo a regra da mão direita de para : com o punho da mão direita fechado e o polegar estendido, se os outros quatro dedos rodam no sentido de para , então o dedo polegar indica o sentido de . A figura 3.11 mostra o plano formado por e , que é perpendicular ao plano , de modo que a direção de é paralela ao plano e perpendicular ao plano de e ; o sentido de obtém-se pela regra da mão direita de para .
O produto vetorial não é comutativo; ou seja, e não são iguais porque têm o mesmo módulo e a mesma direção, mas sentidos opostos. Sendo o ângulo de um vetor consigo próprio zero, o produto é nulo. Em particular, = 0. O produto vetorial de dois versores perpendiculares é outro versor perpendicular ao plano deles; é fácil conferir que , e . Usando estas propriedades e a lei distributiva do produto vetorial, obtém-se uma expressão para o produto em função das componentes cartesianas dos vetores
resultado esse que pode ser escrito de forma mais compacta através de um determinante:
Observe-se que na figura 3.11 o triângulo sombrejado tem base igual a e altura igual a ; assim sendo, a sua área é igual a metade do módulo do produto vetorial da velocidade angular pelo vetor posição: . Em geral,
A área do triângulo formado por dois vetores com origem comum é igual a metade do módulo do produto vetorial dos vetores.
Quando a direção do eixo de rotação permanece sempre igual, diz-se que a rotação do corpo rígido é plana. Nesse caso o plano de rotação é sempre o mesmo e pode ser definido como o plano . Como tal, o vetor velocidade angular é:
em que pode depender do tempo, e a sua derivada é . O vetor aceleração angular estará também na mesma direção do eixo de rotação:
O vetor posição relativa de um ponto qualquer no corpo é . Os produtos vetoriais nas equações 3.27 e 3.29, em coordenadas cartesianas (equação 3.31), conduzem às seguintes expressões para a velocidade relativa e as componentes tangencial e normal da aceleração relativa:
Como tal, a coordenada do ponto não interessa. Basta apenas saber a posição da sua projeção no plano (plano de rotação):
e o módulo desse vetor, , é a distância desde o ponto até o eixo de rotação.
Cola-se um extremo de um fio numa roldana com raio de 5 cm, enrolando-o e pendurando um bloco do outro extremo (ver figura). No instante inicial o bloco e a roldana estão em repouso e o ponto P da roldana encontra-se à mesma altura do seu centro C. O bloco começa a descer, com aceleração constante de valor igual a /4. Determine a velocidade e a aceleração do ponto P, dois segundos após o instante inicial.
Resolução. O eixo de rotação da roldana é perpendicular ao plano da figura, e permanece fixo. Como tal, a rotação da roldana é uma rotação plana e o plano de rotação é o plano da figura, que designaremos de plano .
O ponto de referencia pode ser qualquer ponto na roldana, mas como os pontos no eixo da roldana estão em repouso, neste caso é conveniente escolher como ponto de referência o ponto C no centro da roldana. Em função dos eixos definidos na figura ao lado, a posição do ponto P, após a roldana ter rodado um ângulo desde a posição inicial, é:
Para calcular a velocidade do ponto P, é necessária também a velocidade angular, que pode ser obtida a partir do valor da velocidade do bloco. Para encontrar uma expressão para o valor da velocidade do bloco, integra-se a equação
Como todos os pontos do fio têm esse mesmo valor da velocidade e os pontos da superfície acompanham o movimento do fio, esse será também o valor da velocidade dos pontos na superfície da roldana e o valor da velocidade angular da roldana será . A rotação é no sentido anti-horário (velocidade angular positiva), com velocidade angular:
A velocidade do ponto P obtém-se a partir da equação 3.34 para rotação plana (ou simplesmente derivando a expressão 3.37, tendo em conta que a derivada de é ):
Observe-se que a equação 3.34 dá a velocidade relativa do ponto, mas neste caso, em que o ponto de referência está em repouso, a velocidade relativa é a mesma velocidade absoluta.
A aceleração angular é a derivada da velocidade angular em ordem ao tempo,
e as componentes da aceleração do ponto P obtêm-se a partir da equação 3.35 (ou derivando a expressão da velocidade do ponto P):
Para encontrar a expressão para em função do tempo, integra-se a equação , com e
substituindo os valores de , e , em unidades SI, obtêm-se a velocidade e a aceleração nesse instante,
Numa roda em movimento sobre uma superfície, sem derrapar, o ângulo de rotação e o deslocamento da roda estão relacionados. Na figura 3.12, uma roda de raio desloca-se para a direita, sobre uma superfície, sem derrapar.
Num instante inicial um ponto P da roda está em contacto com a superfície; após alguns instantes, a roda rodou um ângulo e o centro da roda percorreu uma distância . O arco de circunferência deverá ser igual à distância percorrida , já que todos os pontos nesse arco estiveram em contacto com pontos da superfície.
derivando os dois lados da equação, obtém-se a relação entre a velocidade do centro C e a velocidade angular,
e derivando novamente, observa-se que a aceleração de tangencial de C é igual ao produto do raio pela aceleração angular:
No caso das roldanas, se a roldana roda sem o fio derrapar sobre a sua superfície, os pontos na superfície da roldana terão a mesma velocidade do fio e subtraindo a velocidade do centro da roldana obtém-se a velocidade do ponto na superfície da roldana, relativa à roldana; o valor dessa velocidade relativa, dividido pelo raio da roldana, deverá ser igual à velocidade angular da roldana.
A roldana fixa no sistema da figura tem raio de 3 cm e a roldana móvel tem raio de 5 cm. Calcule o valor da velocidade do carrinho e das velocidades angulares das roldanas, no instante em que o cilindro desce com velocidade de valor 1.5 m/s, admitindo que o fio não derrapa nas roldanas.
Resolução. Este sistema já foi estudado na secção 2.5 onde mostrou-se que o valor da velocidade do carrinho é o dobro da velocidade do cilindro. Assim sendo, o valor da velocidade do carrinho é 3 m/s.
Na roldana fixa, o valor da velocidade dos pontos na superfície será o mesmo que no carrinho, 3 m/s e, como tal, o valor da velocidade angular da roldana fixa é,
O centro da roldana móvel também desce a 1.5 m/s. No ponto da sua superfície, no lado direito, o fio está estático e, assim sendo, esse ponto desloca-se para cima, em relação ao centro, com velocidade de valor 1.5 m/s. O ponto na superfície da roldana, no lado esquerdo, desloca-se para baixo, com a velocidade do carrinho, 3 m/s, de modo que em relação ao centro da roldana desloca-se para baixo, com velocidade de valor 1.5 m/s. O valor da velocidade angular da roldana móvel é,
A parte do fio no lado direito da roldana móvel, que permanece estático, pode ser considerado como uma superfície vertical em que a roldana roda como uma roda sobre uma superfície. O valor da velocidade do centro da roda, que é igual ao valor da velocidade do cilindro, é igual ao produto do valor da velocidade angular da roda pelo raio da roda. O valor da velocidade do ponto mais à esquerda na roda, que é o valor da velocidade do carrinho, é o produto do valor da velocidade angular da roda pelo diâmetro da roda. Essa é outra forma de explicar porque o valor da velocidade do carrinho é o dobro do valor da velocidade do cilindro, porque o diâmetro da roda é o dobro do seu raio.
(Para conferir a sua resposta, clique nela.)
Perguntas: 1. E. 2. B. 3. A. 4. E. 5. A.
Problemas
No movimento retilíneo a aceleração é igual à aceleração tangencial, igual à derivada da velocidade em ordem a .
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No movimento retilíneo a aceleração é igual à aceleração tangencial, igual à derivada da velocidade em ordem a .
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É necessario integrar a aceleração angular, em ordem ao tempo, para determinara a expressão da velocidade angular e a seguir integrar novamente para determinar a relação entre o ângulo e o tempo. Três voltas corresponde a um ângulo de .
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A aceleração só tem componente normal porque a aceleração tangencial (derivada do valor da velocidade) é nula.
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A aceleração normal, relacionada com a mudança da direção da velocidade, pode ter qualquer valor e, como tal, a celeração total pode variar.
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A aceleração total não pode ser tangente à trajetória porque a componente tangencial da aceleração (derivada do valor da velocidade) é nula.
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Existem movimentos curvilíneos com aceleração constante. Um exemplo é o movimento parabólico de um projétil. No entanto, como a aceleração normal está sempre a mudar de direção, é necessário que exista também aceleração tangencial para compensar a variação da aceleração normal. Neste caso, como não há aceleração tangencial, a aceleração total não pode ser constante.
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Se a aceleração fosse nula, o movimento deveria ser retilíneo mas neste caso a trajetória é curva.
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O raio de cuvatura é igual à velocidade ao quadrado, dividida pela aceleração normal. A aceleração normal encontra-se projetando o vetor da aceleração da gravidade na direção do vetor velocidade.
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O raio de cuvatura é igual à velocidade ao quadrado, dividida pela aceleração normal. A aceleração normal encontra-se projetando o vetor da aceleração da gravidade na direção do vetor velocidade.
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O raio de cuvatura é igual à velocidade ao quadrado, dividida pela aceleração normal. A aceleração normal encontra-se projetando o vetor da aceleração da gravidade na direção do vetor velocidade.
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O raio de cuvatura é igual à velocidade ao quadrado, dividida pela aceleração normal. A aceleração normal encontra-se projetando o vetor da aceleração da gravidade na direção do vetor velocidade.
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O raio de cuvatura é igual à velocidade ao quadrado, dividida pela aceleração normal. A aceleração normal encontra-se projetando o vetor da aceleração da gravidade na direção do vetor velocidade.
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A velocidade de todos os pontos da correia deve ser a mesma e, como tal, as velocidades dos pontos nas superfícies das duas rodas devem ser iguais.
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No movimento retilíneo a aceleração é igual à aceleração tangencial, igual à derivada da velocidade em ordem a .
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